É DE COMER?

Nem todas as plantas comestíveis disponíveis na natureza estão nas gôndolas dos supermercados.

As plantas alimentícias não convencionais, ou PANCs como o próprio nome já sugere, são as plantas pouco consumidas na alimentação, seja por falta de costume ou de informação. Elas podem ser encontradas na floresta, em hortas, jardins, parques e até nas calçadas.

Culturalmente, nossa alimentação é baseada em uma pequeníssima parcela de alimentos, e muitos são descartados por serem confundidos com ervas daninhas, assim como a rúcula, que era considerada uma planta invasora até algum tempo atrás.

O temo PANC foi cunhado pelo pesquisador e botânico Valdely Ferreira Kinupp em sua tese de doutorado em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Estima-se que existam 30 mil tipos de vegetais comestíveis no mundo. O termo é recente, mas o conceito das PANCs existe há muito mais tempo. PANCs também podem ser desde sementes e frutas até gramíneas e variam de região para região. O que é considerado PANC em São Paulo pode ser algo tradicional no Pará ou Amazonas, como o cupuaçu.

Inclusive, frutas convencionais também podem ser consideradas PANCs a depender do estado em que estão, como, por exemplo, bananas e mangas verdes, pois consumi-las ainda verdes não é típico.

Muitas plantas que hoje são classificadas como PANCs, como a taioba e o ora-pro-nóbis, já foram conhecidas e consumidas por gerações anteriores. Mas fatores como a destruição de biomas, crescimento do agronegócio e a falta de contato com a natureza levaram à falta de diversidade nos hábitos alimentares atuais.

As PANCs possuem grande valor nutricional, e adotá-las em nossa alimentação contribui para uma melhor distribuição e produção de alimentos. Além disso, são plantas rústicas e de fácil manejo.

É importante destacar o papel das PANCs como alimentos funcionais em nosso organismo (microssistema) por meio de vitaminas essenciais, antioxidantes, fibras, sais minerais, que nem sempre são encontradas em outros alimentos.

As PANCs geram autonomia para o ser humano que deseja buscar - por suas próprias mãos - os nutrientes que necessita e os sabores que mais lhe agradam. Em conjunto, integradas com as comunidades humanas, culturas biodiversas, esta autonomia é também fator de autoafirmação e emancipação, no que se pode chamar de soberania alimentar e ecológica.


Dicas de substituição para consumo:


Pode-se usar a taioba no lugar da couve, substituir a escarola pela serralha, o espinafre pelo caruru, e por aí vai. O sabor da major-gomes ou beldroega fica excepcional em recheios de pastéis e tortas. A folha do picão dá um chá muito saboroso, e uma plantinha chamada guasca tem um sabor profundo de alcachofras, perfumando o arroz para um excelente risoto.

Um exemplo é a Vitória-régia, planta com fruto alimentício pouco conhecido. Também podem ser consideradas PANCs partes geralmente não consumidas de plantas comuns, como por exemplo a folha da batata-doce e o coração da bananeira.


Referências bibliográficas:

https://www.futura.org.br/trilhas/o-que-sao-pancs/

https://fazendinha.me/o-que-sao-pancs/

https://blog.plantei.com.br/pancs-mais-comuns/

https://www.ufrgs.br/viveiroscomunitarios/wp-content/uploads/2015/11/Cartilha-15.11-online.pdf

ALGUNS EXEMPLOS:

  • Bolinho de Taioba;

  • Capuchinha;

  • Beldroega;

  • Cupuaçu;

  • Ora pro nobis.

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